Reflexão sobre tristeza e não sei.

Texto escrito em 08/06/2020.

Engraçado como alguns fatos externos podem modificar as nossas expressões, compreensões e entendimentos internos. Penso que nesse momento todos devem compreender a época que vivemos. Ela afeta a nossa vida de uma forma tão intensificada, nesse instante tão falando que o isolamento pode durar até a junho, julho ou agosto, de repente a sociedade foi colocada para casa a humanidade foi colocada para dentro de casa, se prendeu no teletrabalho. Uma perspectiva interessante é que a natureza tem se libertando, mostrando a sua capacidade de resiliência, certamente é uma palavra importante nesse momento.

Se recriar, se reinventar, se conhecer. Porém, até quando uma dessas vertentes deve se prender para que a outra se liberte. Qual é o sentido disso? Qual é o sentido da vida? Por que fazemos o que fazemos? Por que para que a natureza se liberte o homem deve se prender e para as pessoas se libertarem a natureza deve se libertar? Será que isso está na essência da humanidade? Sabe qual a intercessão que responde a todas essas perguntas, uma frase "Não sei" tão cruel, tão sincera, tão enigmática, qual o valor de um "não sei!"?

Particularmente, antes de tudo isso começar eu sabia o que queria e o que precisa fazer, tinha uma rotina de estudo que seguia.Porém Após isso, me peguei numa incerteza tão grande e tão cruel que simplesmente, não sabia quem eu era, o que te motiva para sentar todo dia e passar um dia sentado na tela de um computador estudando? Nesse momento, já não sei dizer com precisão o que nem porquê. Desde o começo desse período, fiz vários cursos de assuntos diversos da área de computação até área de política, escrevi e publiquei dois sites, iniciei uma pesquisa e a escrita de um projeto de lei… Me vi em um momento, que teria o que mais reclamava que faltava TEMPO agora me vejo num delicado instante em que estou inserido em diversos projetos, me ocupando com um monte de coisa, mas deixando para segundo plano o que teoricamente deveria estar sendo minha prioridade, terceiro ano. A presença de mais tempo, me levou a uma busca de aprendizado e auto conhecimento e me fez conhecer o quanto superficial sou em tantos assuntos, falta de conhecimento tantas áreas me levaram a perguntas e perguntas imediatamente levaram"não sei".

Agora estou em uma época que duvido, questiono"quem sou?";"como sou?";"por que sou?";"o que faço?";"por que faço?". Perguntas me levaram a entender o quão superficial sou com meus pensamentos, crenças e ideologias, o que é complicado certa vez li"A melhor função do nosso cérebro é permanecer coincidente com aquilo que pensa ou acredita."mas quando nos percebemos num momento em que não nos conhecemos, não sabemos no que acreditamos, como prosseguir coincidente com aquilo que nem existe?

Tudo bem, onde quero chegar com isso.
Às vezes, damos um valor muito errado para as coisas, "não sei" e tristeza são dois exemplos de coisas cotidianas que equivocadamente atrelamos uma carga negativa que não deveria existir. Seja por não saber valorizar, seja por não saber viver o momento, seja por qualquer outro motivo. A tristeza está entre os sentimentos primordiais do ser humano, ela está atrelada a uma reflexão, muitas vezes não conhecemos a tristeza nem o valor que ela tem nas nossas vidas. Pense sobre os sentimentos primordiais: raiva, medo, alegria, tristeza e nojo. Somente na tristeza consegue pensar e refletir sobre aquilo que lhe forma.

O “não sei” em certos contextos têm uma carga negativa tão forte que muitas vezes atrelamos a ele certas incapacidades e falhas nossas que criticamos e não queremos vê-la. De fato, o não saber é algo complicado, pois, nele podemos fazer atos que contradizem quem somos ou até o que acreditamos por nossas crenças e valores, isso não é por si negativo, não tem problema nenhum em não conhecer, na realidade o desafio está em acreditar que sabe tudo, o desconhecido gera perguntas e elas instigam a busca e a tentativa de responder lhe faz crescer substancialmente.

Reflexões finais.
O momento que vivemos nos leva a uma busca pelo aprendizado, mas ela não deve ser feita de forma inconsequente, é preciso se conhecer e saber seus limites. Se politizar para não exagerar, estudar sempre é bom, mas manter uma rotina estressante que gera desmotivação e desconhecimento é inútil. Reflita sobre "O que você faz?" e principalmente "Porquê?", não importa o que faça, mas tenha objetivos bem delimitados e se encaixando dentro de seus limites físico-temporais.

O aprendizado não é questão de capacidade, mas sim de querer ter condições de manter uma rotina, se você pode manter uma rotina de 30 minutos, 1 hora, 1 hora e 30 minutos, 4 horas ou 8 horas por dia. Não importa a quantidade, o que importa é a constância e o que faz do seu tempo! Aproveite ele da melhor maneira possível e não se julgue por não ter conseguido manter um dia, isso é normal, use essa ausência para te motivar a estudar mais e não como uma falha!