Afinal o que nos torna humanos? #1

Texto escrito em 07/06/2020

De onde viemos? Para onde vamos? Por que existimos? Qual o sentido da vida? Qual o sentido para tudo isso existir? Existe algo de absoluto que sustenta essa universalidade? Existe algo absoluto que justifique esse relativismo universal? Relativismo universal? 'Certo e errado', 'justo e injusto', 'vida e morte', 'existe e não existe vida pós morte'... Tudo isso é relativo estando minimamente relacionado com o que somos, que mostramos para o mundo e que acreditamos ser.

Existe ou não existe vida pós morte? Qual o sentido da vida? Qual o sentido da morte? Podemos avaliar tanto exercício sobre diversas perspectivas, mas... Será que existe algo após a morte? Ou será que tudo que existe se baseia no presente? Será que tudo que existe se baseia nessa infime linha entre passado e futuro, no caso, presente que já passou e presente que vai passar?

Muitas pessoas já falaram e falam de experiências "Quase morte" e é comum no discurso dessas pessoas ouvir que elas estavam em algo "semelhante ao túnel e uma luz muito forte lhes alcançou, trazendo sons, objetos, pessoas..." Que acalmam. Tudo bem, pode acreditar que elas estão inventando história ou que é loucura, sua escolha não tenho nem ninguém poderá te comprovar que eles estão falando a verdade ou passaram por aquilo que dizem... Mas pensando nisso, a existência ou não de algo após a morte é uma óbvia busca de autoconhecimento, de algo absoluto para acreditar, em esperanças para esperar! Tudo isso se encontra na humanidade com alguns de seus feitos mais sui generis, a dúvida no pensar, medo da morte e necessidade de ser lembrado.

Afinal, o que nos torna humanos?

Existem tantas espécies, tantas formas de seres vivos na Terra, todas se juntam em populações com 'características comuns', capazes de se reproduzir e vivem no mesmo espaço ao mesmo tempo. Elas se organizam e se estruturam, dividindo trabalho, sobrevivendo.

Mas e quando falamos de humanidade, colocamos algo de diferente, inerente a razionalidade, a consciência o 'saber', relações humanas não puras e meras relações do cunho "gerra e sexo" aqui entra os sentimentos, compreensão dos sentimentos, a fala, afetos, compreensão de amizade…

O que nos torna humanos em certas instâncias é exatamente o que nos difere das demais, conhecer o que fazemos, saber o peso das ações antes de realizá-la... Isso nos torna humanos, nossa consciência.

Na realidade, o que nos torna humanos é a capacidade de agir e saber o peso das nossas ações, de sentir e interpretar o valor de um sentimento, saber e reconhecer o poder do conhecimento. Amar sem medida, perdoar, acreditar no amanhã. Ter capacidade de mudar.

Aquilo que chamam de alma...?

Gottfried Wilhelm Leibniz definiu o corpo físico humano como “animado” e as supostas coincidências gritantes que acontecem em nossas vidas, chamando a nossa atenção para a existência de algo maior. Um dos conceitos desenvolvidos por ele e que influenciou diversos pensadores foi o de sincronicidade, estudado por Carl Jung, que o cita algumas vezes em “Sincronicidade: um princípio de conexões acausais”. Carl Jung, que algumas vezes fala dele trazendo a temática: “Sincronicidade: um princípio de conexões acausais”. A sincronicidade fala da ideia de que nem tudo é causal e mecânico, algo que foi desenvolvido nos últimos 120 anos em diversas ciências, como a física e a biologia. Leibniz e Jung defendiam que nem tudo seria causal e mecânico, pois há muitas situações que ocorrem aparentemente como um acaso, mas que estão "causalmente" conectadas com as demais. Leibniz em sua obra “Monadologia”, publicada em 1720, trabalhou o conceito de mônada, que significa substância "simples', "único". Como tal, faz parte dos compostos, sendo ela própria sem partes e portanto, indissolúvel e indestrutível e vem sendo hoje crescentemente estudado pela filosofia espiritualista.

Ao que muito chama de "alma", "eu espiritual", "consciência humana", "psique"... É algo visto na espécie humana, que desde sempre busca uma compreensão ou explicação para tal.

Desejos humanos e avanços tecnológicos.

Os sonhos, busca por autoconhecimento, desejo de reconhecimento, dúvidas a serem respondidas, é tão inerente a uma sociedade que a cada vez tenta se aprimorar mais em apresentar tão questão como problema e solucioná-lo por meio alguma ferramenta tecnológica, um lúcido exemplo está nas inteligências artificiais.

Mas até que ponto tais avanços são benéficos? A exemplo da inteligência artificial Bina48, que pretende ter em seu banco de dados a rede neural de Bina Aspen Rothblatt e poder permitir a existência de Bina para a eternidade. Será que é isso que nos torna humanos? O simples ato de estar presente num lugar já faz que nós sejamos humanos?

Se a resposta for sim, então essas pesquisas estão no caminho certo, procurando formas de abranger e aumentar o tempo e longevidade de nossa existência, substituindo-nos por robôs após o tempo carnal de nossa existência for morto, será colocada uma presença artificial nossa, com nossas lembranças, ideologias, crenças, posicionamentos... "Eu" e "Eu artificial" será o mesmo.

Se a resposta for não, então essas pesquisas têm uma inconsistência no caminho, "Eu" e "Eu artificial" não poderiam ser iguais, por que teria algo que não teria pra colocar dentro de uma máquina.

E nisso estaria a própria alma, a essência do ser, se a essência precede a existência, então isso significa que de alguma forma já somos antes de ter um local pra morar e um tempo pra viver representando a disparidade de que não é possível colocar a alma em um "Eu artificial" Agora se a existência precede a essência, ou seja, é preciso ter vida para ser algo, representa que o que nos torna humanos são nossas escolhas, que podem se modificar ao passar das gerações, podendo então de certo modo validando a existência do "Eu artifical".

Falar em "Eu artificial" é egoísta?

Qualquer resposta de qualquer forma é emblemático, imaginemos um pouco quando falamos em colocar uma inteligência artificial, é colocar um computador pra falar, pensar, agir e ser como alguém que gostamos tanto, pelo motivo de que temos saudade dessa pessoa.

De toda forma percebemos que não estamos prontos para lidar com a morte, é algo problemático e uma tentativa desesperada de nos perpetuar na eternidade, de ser lembrados, reconhecidos. Assim como, reconhecer aqueles que amamos, mas será que não deveríamos deixar ele partir?

Se a vida e a morte são destinos de um fluxo natural da existência então por que agir para evitá-lo? É doloroso, é complexo, causa saudade e deixa marcas incuráveis, mas é aquele tipo de dor que todo mundo já passou e quem não passou ainda vai passar. Se a vida após a morte é uma crença sua então falar em "Eu artificial" é sim egoísta! Me perdoe, mas evitar que uma pessoa viva aquilo pra ela foi planejado, por que você não está pronto/a pra perder é sim egoísmo, é sim pensar só em você.

Reflexões finais.

A vida tem seu fluxo natural da existência, nós humanos ainda temos muito o que aprender, com as outras espécies que passaram, com plantas e seres que aqui vivem e com tudo o que está por vir. Ser humano não é fácil, saber o que você faz e o peso das suas ações.

Certa vez, li no livro "O poder da persuasão" a seguinte frase: "Não sou responsável pelo que os outros dizem, mas sou corresponsável pelo que os meus pensam" é uma fala muito boa e tocante, pq de fato, aqueles que te seguem, concordam contigo em alguma coisa ou estão por algum motivo, portanto eles consideram o que está sendo dito na hora de julgar uma situação. Logo, tenha cuidado na hora de ajudar aqueles que consideram sua opinião.