Afinal, o que nos torna humanos? #2
Texto escrito em 19/06/2020.
De onde viemos? Para onde vamos? Por que existimos? Qual o sentido da vida? Qual o sentido para tudo isso existir? Existe algo de absoluto que sustenta essa universalidade? Existe algo absoluto que justifique esse relativismo universal? Relativismo universal? 'Certo e errado', 'justo e injusto', 'vida e morte', 'existe e não existe vida pós morte'... Tudo isso é relativo estando minimamente relacionado com o que somos, que mostramos para o mundo e que acreditamos ser.
Sentimentos importantes:
Um dos sentimentos mais importantes da espécie humana que nos torna assim além da nossa racionalidade e de analisar o que fazer antes de fazer, é o afeto e a empatia.
- Afeto é um sentimento de imenso carinho que se tem por alguém ou por algum animal; amizade: o beijo é uma demonstração de afeto. Algo ou alguém que é alvo desse sentimento: seu afeto eram os netos. Sentimento e emoção que se manifestam de muitos modos: amizade é uma forma de afeto. Uma demonstração de afeto é a forma como se expressa um carinho. É explicitar o afeto sentido através de um gesto, que pode ser um cafuné na cabeça, um beijinho na testa, um abraço, entre tantos outros. Não só humanos demonstram afeto. Já foi comprovado cientificamente que animais podem expressar afeição com suas ações. < br>
- A empatia envolve três componentes: afetivo, cognitivo e reguladores de emoções é o componente afetivo baseado na partilha e na compreensão de estados emocionais de outros. O componente cognitivo refere-se à capacidade de deliberar sobre os estados mentais de outras pessoas, significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.
Quem sou eu?
Essa pergunta é algo muito importante que entra dentro do existencialismo, é uma doutrina filosófica centrada na análise da existência e do modo como seres humanos têm existência no mundo. Procura encontrar o sentido da vida através da liberdade incondicional, escolha e responsabilidade pessoal. Segundo esta corrente filosófica, os seres humanos existem primeiramente e depois cada indivíduo passa a sua vida mudando a sua essência ou natureza.
Quem sou eu? O indivíduo é de extrema importância. Essas perguntas têm reflexões importantes que geram, afinal o indivíduo gera a espécie. Quem eu realmente sou? Sou um alguém inteiro, feliz, que não se limita a estereótipos, pois mudo, não sou estático, mas acima de tudo tenho amor-próprio e respeito pelo meu eu, pela vida que tenho e por todos que me cercam.
Eu sou assim Eu não entendo o motivo de tanto julgamento sendo que cada um tem o seu modo de ser. Eu, por exemplo, sou assim, puro amor da cabeça aos pés, e não condeno aqueles que têm em sua essência a frieza instalada no coração. Hoje, o que restou de mim do passado e quem sou eu refletido pelo olhar? Aqui se encontram histórias loucas, tempos bons e grandes aprendizados. Destaco que o principal dentre eles é o prazer por me amar, aquele que descobri há pouco tempo, mas que cultivo sempre. Com ele, com essa força, posso sentir o poder da felicidade plena, da sinceridade, da alma leve que somente com o tempo e maturidade eu aprendi a ter. Eu sou tudo isso... Quem eu sou? Eu sou o colorido de um arco-íris, a calada da noite, o sol no verão. Sou o amor, sou a raça, a vida em sua melhor forma. Sou o prato preferido na mesa de jantar, sou a sereia das águas doces, o furacão, a tempestade. Sou aquela que reflete a alegria no olhar, que sabe ser terra e sabe ser má, mas além disso o que mais faz é amar. Então podemos dizer que o 'eu' é um objeto que surge da consciência do 'eu'.
O 'eu' e o social:
Reconhecendo que o eu não pode surgir na consciência como um “eu”, que o eu é sempre um objeto, isto é, um “me”, eu gostaria de sugerir uma resposta a essa questão. O que está em jogo quando o eu é um objeto? A primeira resposta poderia ser a de que um objeto implica um sujeito. Em outras palavras, um “me” é inconcebível sem um “eu”. A essa resposta, deve-se constatar que tal “eu” é uma pressuposição, jamais uma apresentação da experiência consciente, pois no momento em que foi apresentado passou para a situação objetiva, pressupondo, se preferirmos, um “eu” que observa, mas um “eu” que pode revelar-se apenas ao deixar de ser o sujeito para o qual o objeto “me” existe. Não é, obviamente, o hegelianismo de um eu que se torna outro para si mesmo aquilo em que estou interessado, mas a natureza do eu tal como revelada pela introspecção e sujeita à nossa análise factual.
Essa análise revela, pois, no processo da memória, uma atitude de observar a si mesmo em que ambos, o observador e o observado, aparecem. Concretamente uma pessoa pode se lembrar quando se questiona o modo como maneja isso- ou aquilo- censurando-se por suas faltas ou gabando-se por suas realizações. Por conseguinte, no eu reunificado do momento que passou, encontra-se ambos, um sujeito e um objeto, todavia trata-se de um sujeito que é agora um objeto de observação e que tem a mesma natureza, enquanto eu objeto, daquele que apresentamos em negociação com os outros de nós. Da mesma maneira, lembramo-nos das objeções, reprimendas e concordâncias dirigidas a nossos companheiros. A postura sujeito que instintivamente tomamos só pode ser apresentada como algo experienciado – na medida em que podemos estar conscientes de nossos atos apenas por meio dos processos sensoriais colocados em ação após o ato ter sido iniciado. Os conteúdos do sujeito apresentado, que se tornou um objeto ao ser apresentado, mas que ainda se diferencia, como sujeito da experiência passada, do “me” a que foi endereçado, são aquelas imagens que iniciaram a conversação e as sensações motoras que acompanharam a expressão, acrescentadas das sensações orgânicas e da resposta de todo o sistema à atividade iniciada.
Em resumo, são esses conteúdos que compõem o eu, diferenciando-o dos outros aos quais se dirige. O eu revelando-se como um “eu” é o eu imagem mnêmica que atua sobre si mesmo, é, também, o mesmo eu que atua sobre os outros eus. Por outro lado, o que acontece para que se componha o “me” a quem o “eu” se dirige e observa, é a experiência que é produzida por essa ação do “eu”. Se o “eu” fala, o “me” ouve. Se o “eu” ataca, o “me” sente o golpe. Aqui, novamente, a consciência do “me” é do mesmo tipo da que emerge da ação do outro sobre ele. Ou seja, é apenas quando o indivíduo se percebe atuando em relação a si mesmo tal como atua em relação aos outros que ele se torna um sujeito para si mesmo em lugar de um objeto, e somente quando ele é afetado por sua própria conduta social do mesmo modo pelo qual ele é afetado pela dos outros é que se torna um objeto para sua própria conduta social.
As diferenças em nossas experiências míticas do “eu” e do “me” são, conforme o caso, as das imagens mêmicas da conduta social iniciada e das respostas sensoriais. É desnecessário, considerando a análise de Baldwin, de Royce e de Cooley e de muitos outros, ir além da indicação de que essas reações emergem, em nossa conduta social com os outros, antes da auto-consciência introspectiva, isto é, o bebê chama conscientemente a atenção dos outros antes de chamar sua própria atenção ao afetar a si mesmo, e ele está consciente de ser afetado pelos outros antes que esteja consciente de ser afetado por si mesmo.
O “eu” da introspecção é o eu que adentra as relações sociais com os outros . Não é o “eu” que está envolvido no fato de que alguém se apresente como um “me”. E o “me” da introspecção é o mesmo “me” objeto da conduta social dos outros. Alguém se apresenta como atuando sobre os outros – nessa apresentação ele é indicado, no discurso indireto, como o sujeito da ação, sendo ainda um objeto –, e o sujeito dessa apresentação não pode jamais surgir diretamente na experiência consciente. É o mesmo eu que é apresentado como aquele que observa a si mesmo, e ele atua sobre si mesmo exclusivamente na medida em que, e somente na medida em que, pode se atingir por meio da estimulação social pela qual atinge os outros. O “me” a que ele se dirige é o “me”, consequentemente, ele é atingido de forma semelhante pela conduta social dos outros sobre ele próprio.
Considerações finais:
Posto o que foi posto anteriormente podemos dizer que o 'eu' e o social apresentam papéis muito úteis na análise da espécie humana e o que nos torna humanos.
Quarentena não é férias?!
Hoje lembrei que no último dia de aula antes da quarentena. "Levem a sério esse momento, que quarentena não é férias!" Em 25 de Março, começava a quarentena que iria durar inicialmente 15 dias.... Porém o tempo passou e hoje já faz 3 meses, quase 4, que dura a quarentena e, de repente chegou o recesso, a rotina de aulas que foi alimentada e adaptada por 3 meses, pausou. Férias em casa…
Acho que ninguém imaginava que o tempo passaria tanto, nem tão rápido. Mas o que nos resta é analisar e descobrir que coisas podem ser positivas ou melhorar! Temos que refletir e pensar. Eu ando refletindo muito sobre a vida, sobre o momento, sobre o mundo e revendo meus pensamentos, manias, comportamentos. Acho que isso é algo engrandecedor que esse momento horrível propiciou, infelizmente sou uma pessoa ainda muito limitada e certamente não consigo pensar na vida e manter a rotina... A quebra da rotina de escola presencial propiciou que eu pensasse na vida e é algo sensacional. Me sinto muito agradecido em ter o sartre, os professores e toda a equipe de alunos e profissionais que amenizam essa situação.